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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Exposição Portugueses no Mundo


A exposição "Portugueses no Mundo" apresenta a expansão portuguesa a partir das grandes navegações, incluindo a colonização do território brasileiro e as características peculiares da formação econômica, política e social de nosso País.


Multimídia de grandes proporções apresenta as grandes navegações empreendidas pelos portugueses a partir do século XV.


Cunhada em prata em 1499 por ordem do rei de Portugal D. Manuel I, a moeda "O Índio" estava destinada a ser usada no comércio ultramarino, sobretudo com a Índia. O exemplar do Museu Histórico Nacional é o único existente no mundo.


A Expansão Portuguesa
Portugal, país de pequena extensão territorial da Península Ibérica, não se inseria nas rotas marítimas e comerciais do Mediterrâneo, monopolizadas pelos venezianos e genoveses, nos séculos XIV e XV. Por essas rotas circulavam produtos do Oriente consumidos na Europa, como louças, marfins, tecidos e temperos. Inserir-se nesse mercado foi, portanto, uma das motivações das grandes navegações, que buscavam aumentar o poder e a riqueza do Estado e da Igreja Católica.
Nesse período, uma nova forma de perceber o mundo, fundada na observação e na experimentação, impulsionou o desenvolvimento da ciência. No campo dos saberes marítimos, houve o aprimoramento de instrumentos de navegação, como a bússola e o astrolábio. A criação de outros tipos de embarcação, como as caravelas, possibilitou a conquista de novos limites. Os navegantes da conhecida "escola" de Sagres tiveram participação intensa no desenvolvimento desse sistema náutico. A expansão marítima portuguesa foi marcada tanto pela cordialidade como pela violência.


Terra à vista!
Após a chegada às Índias, os portugueses prepararam uma armada com o objetivo de consolidar sua presença geopolítica, econômica e religiosa no Oriente. Em 9 de março de 1500, Pedro Álvares Cabral assumiu o comando de uma esquadra composta por 13 embarcações - número elevado para a época - e uma tripulação experiente de 1.500 homens, cujo destino era Calicute, no sul da Índia.
Nas proximidades da Ilha da Madeira, a esquadra alterou a sua rota. Dias depois avistava a costa sul do continente americano e, em 22 de abril, chegava à região hoje denominada de Porto Seguro, na Bahia.
Pero Vaz de Caminha relatou o episódio ao rei D. Manuel I. Nela, descreveu o lugar, a que deram o nome de Vera Cruz, e comentou sobre seus habitantes.
Na voz do inesquecível ator Paulo Autran, o visitante tem acesso à narração da Carta de Caminha, que, entre outros fatos, revela que no domingo de Páscoa, dia 26 de abril, Frei Henrique de Coimbra celebrou uma missa assistida por tripulantes e nativos.
No dia 2 de maio a esquadra retomou o caminho para as Índias. Iniciava-se o processo de conquista da América pelos portugueses.


Contornos
Do Tratado de Tordesilhas à Convenção sobre o Direito do Mar:
Tratado de Tordesilhas, 1494 - linha imaginária a 370 léguas das Ilhas de Cabo Verde. Caberiam a Portugal as terras a leste e a Espanha a oeste.
Tratado de Madri, 1750 - consagrou o princípio uti possidetis , que reconhecia o direito de cada país às terras por eles ocupadas. Esse princípio passou a ser a viga mestra na definição de fronteiras na região americana até o século XX.
Tratado de Santo Ildefonso, 1777 - restabeleceu as linhas gerais do Tratado de Madri. As fronteiras do Brasil se expandiram para oeste, delineando os contornos aproximados do Brasil contemporâneo.
Tratado de Badajoz, 1801 - fixou a fronteira ao sul do Brasil no arroio Chuí.
Tratados de limites do Império - 1851 - 1872 - após a Independência das colônias latino-americanas, os tratados entre Portugal e Espanha passaram a ser desconsiderados. Para manter a extensão territorial do Brasil, novos tratados foram firmados: Uruguai e Peru (1851), Venezuela (1859), Bolívia (1867) e Paraguai (1872).
Tratados de limites na República - 1895 - 1909 - formaram o contorno do Brasil atual: Argentina (1895 - Palmas ou Missões ), França (1900 - Amapá ), Bolívia (Tratado de Petrópolis, 1903 - Acre ), Inglaterra (1904 - Guiana Inglesa ), Holanda (1906 - Guiana Holandesa ), Colômbia (1907) e Peru (1909 ).
Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar - 1982 - extensão das fronteiras brasileiras sobre as águas do Atlântico compreendidas em uma faixa de 200 milhas marítimas.


A Empresa Colonial
Para reprimir o contrabando do pau-brasil e de outras riquezas e aumentar o domínio sobre o Brasil, D. João III implantou o sistema de capitanias hereditárias, em 1534, e o governo geral, em 1549.
Seguindo o modelo adotado em outras possessões no Atlântico, o território foi dividido em 15 lotes, entregues a 12 donatários. Após dez anos, verificou-se que apenas as capitanias de Pernambuco e de São Vicente apresentavam avanços com a lavoura de cana-de-açucar e no desenvolvimento de núcleos populacionais.
Esse resultado, aliado à presença crescente de franceses na costa e à expansão de vilas espanholas no interior, levou à criação de uma estrutura administrativa judicial, fiscal e militar diretamente subordinada a Lisboa: o governo geral, com sede em Salvador, Bahia.
O novo sistema político reduziu a autonomia e as atribuições dos donatários, introduziu o sistema de sesmarias, incentivou a cristianização dos nativos com a vinda de padres jesuítas e criou condições para o aumento da exploração das riquezas coloniais.
Grande parte dessas riquezas era produzida em propriedades rurais, que deram origem aos atuais latifúndios, e pelo trabalho escravo de índios e de negros.


Sob a ordem escravocrata
O comércio de escravos era comum no continente africano. Fruto de guerras entre as diferentes populações, ele alimentava, juntamente com outros produtos, as relações entre a Europa e o Oriente. Portugal participava desse comércio desde o século XV.
Com o desenvolvimento do cultivo da cana-de-açucar no Brasil, houve aumento da necessidade de mão-deobra, o que levou Portugal a expandir o comércio de cativos para a sua colônia. Em pouco mais de 400 anos de tráfico negreiro, estima-se que entre 10 e 15 milhões de pessoas, de diferentes grupos étnicos, foram trazidos para as Américas. O Brasil recebeu o maior contingente - cerca de 40%.
É difícil precisar a origem de cada um desses povos, uma vez que era comum a identificação dos indivíduos com a cidade portuária de partida, a exemplo de Benguela, Cabinda ou Luanda. Sob a ordem escravocrata, os negros e seus descendentes reinventaram suas culturas, recriaram mitos e incorporaram outros, dando forma ao conjunto de tradições hoje identificadas como afro-brasileiras.
Enfim, resistiram ao longo, triste e doloroso processo de escravidão.


Açúcar (texto de Evaldo Cabral de Melo )
O açúcar inventou uma paisagem originalíssima, marcada pelos canaviais e pelo decantado "triângulo rural", a casa-grande e a senzala, a capela e a fábrica, mas também depredou o meio físico, empobreceu o solo, poluiu as águas dos rios e devastou a mata atlântica.
Ele desenvolveu um estilo de vida que marcou a existência de todas as camadas da população que integrou, reservando, contudo, os privilégios a uns poucos.
O açúcar deu também lugar à primeira organização propriamente industrial da história brasileira, pois, ao contrário de outros produtos que ora fizeram a nossa fortuna, ora a nossa miséria, como o algodão, o café ou o cacau, ele abrangia a atividade manufatureira vinculada à atividade puramente agrícola do cultivo da cana.


Em nome de Santa Cruz
A colonização portuguesa na América foi empreendida pelo Estado e pela Igreja Católica. Embora fossem instituições distintas, estavam ligadas de tal forma que a ação de uma permeava a ação da outra.
Ao Estado competia garantir sua soberania na colônia, organizar a administração, o povoamento, as regras de produção e o comércio, ao passo que à Igreja cabia a educação dos colonos e a conversão de índios e negros pela catequese. A ação dessa instituição religiosa estava presente no cotidiano, por meio de sacramentos como batismo, casamento e extrema unção; nas alegrias da vida e nas dores da morte.
Diversas ordens religiosas - franciscanos, mercedários, beneditinos, carmelitas e jesuítas, entre outros, vieram para o Brasil com o intuito de expandir o catolicismo. Fixaram-se tanto no litoral como no interior e fundaram povoados, missões e colégios, o que favoreceu a expansão territorial da colônia.
As resistências dos que sofreram a catequese geraram conflitos e formas singulares de se praticar a fé cristã.
Por fim, o catolicismo se tornou a religião predominante no Brasil.


Três obras em 3 D
Três obras em 3 D lenticular, com efeito tridimensional, do artista plástico Carlos Vergara fazem uma releitura contemporânea da missões jesuíticas de São Miguel das Missões.
As obras foram especialmente adquiridas pela Associação dos Amigos do Museu Histórico Nacional para integrarem a exposição "Portugueses no Mundo".


União Ibérica - 1580-1640
Denomina-se União Ibérica o período em que Portugal e Espanha foram governados pela mesma Coroa. Seu primeiro rei foi o neto do rei português d. Manoel I, o espanhol Filipe II, sucedido pelos Filipes III e IV, também espanhóis. Com a União Ibérica a linha de Tordesilhas desapareceu e o Brasil expandiu-se, do Amazonas ao Prata, em direção ao oeste. Uma das medidas tomadas por Filipe II foi a criação do estado do Maranhão e Grão-Pará (1621), para evitar a penetração de piratas e corsários no rio Amazonas.
O maior impacto da União Ibérica se deu no plano das relações internacionais. Os laços entre Portugal e Holanda foram rompidos, uma vez que este país estava em guerra com a Espanha. No Brasil, os holandeses, associados aos portugueses, tinham investido na empresa do açúcar. Para recuperar seus investimentos, organizaram a Companhia das Índias Ocidentais (1621), visando implantar uma colônia no nordeste brasileiro. Dava-se início às invasões holandesas, consideradas o maior conflito político-militar da época colonial.


Presença Francesa
A presença francesa se deu em diferentes momentos: na Baía de Guanabara (1555-1567), em Sergipe (1575-1590) e no Maranhão (1612-1615), onde foi fundada a cidade de São Luís, sede da França Equinocial.
Na Baía de Guanabara, local estratégico por apresentar bom ancoradouro e ausência de portugueses, foi fundada a França Antártica, sob o comando de Nicolas Durand de Villegaignon. Sustentada pelo comércio de produtos tropicais, desenvolveu-se por dez anos, até que, em 1565, Portugal reagiu enviando uma expedição militar comandada por Estácio de Sá.
Em decorrência desse conflito os portugueses ocuparam o território, dando origem à cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, que em 1710 e 1711 sofreu as duas últimas investidas francesas. Na primeira foram rapidamente derrotados e na segunda saquearam e permaneceram na cidade por dois meses.




Presença Holandesa
A reação dos holandeses ao embargo econômico espanhol imposto durante a União Ibérica foi a invasão de Salvador (1624-1625) e de Pernambuco (1630-1654).
Na segunda investida, ocuparam o território do Ceará a Alagoas. Sob o governo de Johan Maurits van Nassau-Siegen, investiram na empresa açucareira. A cidade de Recife, então sede do governo holandês, passou por reformas urbanas, recebendo novas edificações, como palácios, pontes, jardins botânico e zoológico e a primeira Sinagoga das Américas.
O envolvimento da Holanda em conflitos na Europa, aliado à crise econômica que vivenciava, levou à diminuição dos investimentos no nordeste, gerando a insatisfação de senhores de engenho e comerciantes, entre outros.
A expulsão dos holandeses se deu após a Insurreição Pernambucana (1645-1654), que consistiu em uma série de combates com colonos, índios e negros apoiados pela Coroa Portuguesa. Dois episódios foram decisivos nesse processo: as Batalhas dos Guararapes (1648 e 1649).
A perda da colônia no Brasil foi reconhecida pela Holanda em tratado de paz com os portugueses em 1661.


Rumo ao oeste
A expansão territorial da colônia em direção ao oeste foi resultado de movimentos como as missões jesuíticas e expedições realizadas em busca de índios e metais preciosos no interior, chamadas bandeiras, entradas e monções - esta última seguia pelos rios.
Gradativamente, essas ações diversificaram as atividades econômicas no período colonial e, ao dar origem a novas vilas e povoados, tornaram-se pontos de articulação entre a produção no interior e a exportação no litoral. Alargaram as fronteiras, contribuindo para a atual configuração territorial do Brasil.


Em se plantando tudo dá...
Durante parte do período colonial, o nordeste brasileiro concentrou atividades agrícolas voltadas para a exportação, como a cana de açúcar, o tabaco, que serviu inclusive de moeda de troca no tráfico de escravos, e o algodão, plantado do Maranhão a Alagoas, visando principalmente à indústria têxtil inglesa.
O cultivo do café teve início no Rio de Janeiro e em São Paulo no século XIX, impulsionado pelo aumento do consumo nos EUA e na Europa. No período imperial tornou-se o principal produto de exportação. Dizia-se que "o Brasil é o café".
O país possui um dos maiores potenciais agrícolas do planeta, com clima diversificado e abundantes recursos hídricos. Historicamente, os espaços de concentração desses recursos são alvo de tensões em torno da posse e da exploração.




Caminhos do gado
A criação de gado na América Portuguesa foi implantada na Bahia por Tomé de Souza em 1550. As primeiras cabeças de gado vieram de Cabo Verde, por já estarem adaptadas às regiões de elevadas temperaturas, como o nordeste brasileiro.
Essa atividade permitiu o desbravamento e a ocupação dos sertões, locais agrestes ou cobertos de mato, localizados longe do litoral. Nessas regiões, se formaram enormes latifúndios, a tal ponto de existir, no século XVII, fazendas de gado maiores que Portugal.
Atualmente o Brasil possui o maior rebanho bovino comercial do mundo e a terceira maior população de suínos. São estatísticas que mostram a riqueza gerada pela pecuária, e ao mesmo tempo nos fazem refletir sobre seus impactos no meio ambiente.
A pecuária desenvolveu-se do norte ao sul do Brasil, criando uma cultura própria, a do vaqueiro que, com suas tradições, músicas e vestimentas, representa hoje uma das faces da brasilidade.


Riquezas da Terra
A descoberta de ouro e de diamante, nos séculos XVII e XVIII, teve grande impacto no Brasil e em Portugal. Provocou o primeiro grande fluxo migratório da Metrópole para a Colônia, bem como o deslocamento de pessoas de diferentes partes do Brasil para as regiões das minas, dando início a novas vilas e povoados. O comércio de escravos intensificou-se em decorrência da maior demanda de mão-de-obra e do alto índice de mortalidade na produção mineradora.
Atualmente o Brasil está entre os países com maior potencial de mineração do mundo. Extraem-se, em média, setenta substâncias minerais do solo, com destaque para petróleo, nióbio, minério de ferro, alumínio, grafita, manganês e rochas ornamentais.
Hoje sabe-se que a exploração das jazidas minerais necessita associar-se à consciência ecológica e à responsabilidade social para amenizar os danos sócio-ambientais dessa atividade.




LINHA DO TEMPO ILUSTRADA

MINERAÇÃO NO BRASIL SÉCULO XVI
1531 - Primeira expedição ao interior da colônia à procura de pedras preciosas, por Martin Afonso de Souza.
1552 - Início das atividades metalúrgicas, a partir de pequenos depósitos de minério de ferro em Santo Amaro, às margens do córrego de Jeribatuba, afluente do rio Pinheiros (SP).

SÉCULO XVII
1693 - Antonio Rodrigues Arzão encontra ouro em Caeté, Ponte Nova e Caratinga (MG).
1697 - Início da corrida do ouro.
1698 - Antonio Dias de Oliveira descobre ouro na região que ficou conhecida como Vila Rica, atual cidade de Ouro Preto (MG).

SÉCULO XVIII
1729 - Descoberta de diamantes no Tejuco, atual Diamantina (MG).
1760 - Início do esgotamento das minas de ouro.
1783 - Descoberto cobre na serra da Borracha, no atual município de Capim Grosso (BA).
1792 - Descoberta de depósitos de carvão mineral no Rio Grande do Sul.
1797 - Descoberta de salitre em Alcântara e Iguara (PI).

SÉCULO XIX
1805 - Descoberta de pedras preciosas em São Paulo.
1810 - Descoberta de mercúrio em Bananal, região localizada a uma légua de Vila Rica, atual Ouro Preto (MG).
1811 - Descoberta de manganês no centro da província de Minas Gerais.
1837 - Descoberta de chumbo na serra de Macaúbas (BA).
1859 - Marquês de Olinda concedeu a José Barros Pimentel o direito de extrair betume em terrenos situados às margens do rio Maraú (BA).

SÉCULO XX
1922 - Exploração de nitrato de sódio e potássio na Chapada Diamantina (BA).
1931 - Monteiro Lobato lidera campanha pela soberania nacional na questão do petróleo.
1939 - Primeira perfuração de poço de petróleo no Brasil, no bairro Lobato, localizado a 30 km de Salvador (BA).
1950 - Descoberta de nióbio em Araxá (MG).
1974 - Descoberta de petróleo na bacia de Campos (RJ).
1976 - Descoberta de urânio na lagoa Real (BA).
1980 - Descoberta de ouro em Serra Pelada (PA).

Século XXI
2003 - Descoberta de grandes campos de petróleo e gás natural nas bacias de Campos (RJ) e Santos (SP).
2006 - A produção de petróleo no Brasil permite a autossuficiência sustentável para a demanda interna do país.
2009 - Descoberto petróleo nas camadas do pré-sal.





Resistências
O termo quilombo é originário do tronco linguístico banto e significa povoação ou fortaleza. No Brasil, associa-se historicamente a resistência à escravidão, sendo utilizado na legislação colonial e imperial para denominar grupos de escravos fugidos.
Atualmente a definição de quilombo é mais ampla. Abrange as comunidades rurais negras que se desenvolveram ao longo da escravidão e após a Abolição. Palmares, fins de 1590 a 1716, localizado na serra da Barriga, interior do atual Estado de Alagoas, chegou a reunir 30 mil pessoas. Foi a maior dessas comunidades no Brasil, tendo como base econômica o extrativismo, a agricultura, a caça e a pesca.
A Constituição Federal de 1988 garante o direito dos remanescentes de quilombos às terras por eles tradicionalmente ocupadas e possibilita o reconhecimento histórico e étnico dessas comunidades como fundamento da luta pelos direitos de cidadania.
Inconfidências
No século XVIII, os ideais separatistas na América e as ideias iluministas de liberdade tiveram repercussão em todo o mundo colonial. No Brasil, ocorreram movimentos contra o domínio português, a exemplo da Inconfidência Mineira (1789) e das Conjurações do Rio de Janeiro (1794) e dos Alfaiates na Bahia (1798).
A difusão das ideias liberais, aliada à crescente cobrança de impostos sobre a produção aurífera colonial, resultou na Inconfidência Mineira, liderada por parte da elite letrada local. A reação portuguesa foi rápida e os envolvidos foram presos e degredados. O alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes, foi condenado à pena máxima: morte por enforcamento.
A valorização da Inconfidência Mineira, quase um século depois pelos republicanos, transformou-a na mais conhecida das insurreições coloniais. Tiradentes passou a ser cultuado como herói nacional.


No rastro da riqueza
A exploração das minas e a diversificação das atividades econômicas modificaram a geografia e a sociedade colonial, nos séculos XVII e XVIII. Como consequência dessa opulência, houve um aumento no número de igrejas, irmandades e na produção de imaginária religiosa, que ocupava tanto os templos católicos como os espaços domésticos.
Em cidades como Rio de Janeiro, Salvador e nas regiões das minas, a arquitetura religiosa, civil e militar se sofisticou. A originalidade arquitetural e artística se deu pelas mãos de mestres portugueses e brasileiros, muitos dos quais negros e mestiços, como Valentim da Fonseca e Silva, o Mestre Valentim, Manuel de Ataíde e Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
Nas ruas o comércio intensificou-se. Passou a ser cada vez mais comum a figura dos "escravos de ganho". Entretanto, a abundância das minas não melhorou a situação social da maioria negra e mestiça. Se por um lado foram eles os que mais contribuíram na produção dessa riqueza, por outro foram os que menos usufruíram dela.






Estética do Barroco
"A estética do Barroco, transmitida ou herdada de Portugal, encontra no Brasil um campo fértil à imaginação para reinventar-se, frente ao Novo Mundo Tropical - selvagem, luminoso, brilhante e colorido - que, com sua atmosfera, ajudará a recriação pungente da nossa inventividade a aparecer na literatura, na música, na escultura, na pintura. A alma luso-brasileira que assim se cria será, como querem alguns historiadores, uma intérprete magistral desse movimento estético que chamamos de Barroco".
(Emanuel Araújo em O Universo Mágico do Barroco Brasileiro, São Paulo: SESI, 1998, p.15)




A chave do Brasil
[O Rio de Janeiro] é a chave deste Brasil pela sua situação, pela sua capacidade, pela vizinhança que tem com os domínios de Espanha e pela dependência que desta cidade têm as Minas com o interior do país, ficando por este modo sendo uma das pedras fundamentais em que se afirma a nossa Monarquia e em que [se] segura uma parte muito principal de suas forças e das suas riquezas.

(D. Luiz Antonio de Souza, governador da capitania de São Paulo, carta de 1765)

A transferência da capital da colônia, em 1763, de Salvador para o Rio de Janeiro, relaciona-se ao papel estratégico ocupado por esta cidade, desde o início do século XVIII, como local de convergência de diferentes interesses políticos e econômicos.
Localizada no litoral sudeste do Brasil, era o principal porto do Atlântico Sul, permitindo a articulação entre as regiões das minas, o tráfico negreiro e os domínios do sul da América, frequentemente disputados entre portugueses e espanhóis.
Ao tornar-se capital do vice-reino, o Rio de Janeiro afirmava sua posição central na sustentação do império luso-atlântico. Papel este reafirmado em 1808, quando, numa inédita inversão, a cidade tornou-se capital da monarquia e do império português.




"Na ternura, na mímica excessiva, no catolicismo em que se deliciam nossos sentidos, na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra." - Gilberto Freyre, 1933.
"Durante quase quatrocentos anos, o escravismo brasileiro consumiu muitas gerações de africanos. A população escrava se caracterizava pelo alto índice de mortalidade infantil e curta expectativa de vida, ambos resultados das péssimas condições em que viviam e trabalhavam, além de maus-tratos." - João José Reis, 2003
"É tempo, pois, e mais que tempo, que acabemos com o tráfico tão bárbaro e carniceiro; é tempo, também, que vamos acabando gradualmente até os últimos vestígios da escravidão entre nós, para que venhamos a formar, em poucas gerações, uma nação homogênea, sem o que nunca seremos verdadeiramente livres, respeitáveis e felizes." José Bonifácio de Andrada e Silva, 1823




Entre comércios
Vindos em navios negreiros, os africanos que sobreviviam à viagem ficavam em mercados, como o do Valongo, no Rio de Janeiro, onde eram vendidos. A escolha e a compra eram movidas pelo tipo de trabalho a ser realizado pelos cativos. Para o serviço pesado como o das lavouras, dava-se preferência aos homens, enquanto que para os serviços domésticos, optava-se pelas mulheres.
Nas áreas urbanas, tornou-se comum a figura dos negros ao ganho, que vendiam diversos produtos pelas ruas da cidade, como quitutes e utensílios. Repassavam os lucros desse comércio aos seus senhores, podendo ficar com uma percentagem. Alguns conseguiram comprar a própria liberdade e se estabeleceram como negociantes.
Na condição de escravos, homens e mulheres eram comprados como mercadoria e, no trabalho com o comércio urbano, tornavam-se mercadores.
Tipos das ruas. Esculturas em madeira entalhada (cajazeira ) de Erotides Américo de Araújo Lopes. Bahia, séculos XIX e XX.



Inversões
As singularidades e pluralidades de nossa história nos formam como nação e estão presentes em nossa cultura. São aspectos que podem afirmar positivamente nossa identidade, mas podem ser, ao mesmo tempo, pontos de reflexão sobre nossos problemas.
A inversão da colônia em metrópole com a vinda da Corte portuguesa, em 1808, foi um acontecimento ímpar na história, por ter sido a primeira vez que um monarca europeu pisou em terras coloniais. As consequências foram marcantes para os dois países, mas para o Brasil, que se tornou sede dos domínios portugueses, significou a inversão de sua situação política.

A Corte nos Trópicos
Diante do avanço das tropas de Napoleão Bonaparte em direção a Portugal, foi retomada a antiga ideia de construção de um Império luso-brasileiro, com sede na América. No dia 27 de novembro de 1807, a família real portuguesa zarpou em direção ao Brasil, sob a proteção da esquadra britânica, chegando a Salvador no dia 22 de janeiro de 1808.
Em terras baianas, o príncipe regente d. João assinou o decreto de abertura dos portos às nações amigas, ato de consequências imediatas e duradouras, que pôs fim ao monopólio português sobre o comércio colonial. Ao possibilitar a expansão comercial que se seguiu, honrava acordos firmados com os ingleses, principais aliados de Portugal.
Após 34 dias, a Corte seguiu viagem em direção ao Rio de Janeiro, onde desembarcou no dia 8 de março, sendo recebida com festa pela população. A cidade, então, contava com cerca de 60 mil habitantes, em sua maioria negros.
Retrato de D. João VI e D. Carlota Joaquina
Manuel Dias de Oliveira, "O Brasiliense" ou "O Romano".
Início do século XX.





Carta de lei, pela qual Vossa Alteza Real há por bem elevar este estado do Brasil à graduação e categoria de Reino, e uni-lo aos Seus Reinos de Portugal e dos Algarves, de maneira qui formem hum só Corpo Político debaixo do Titulo de - Reino Unido de Portugal e do Brasil e Algarves - tudo na forma acima declarada. Carta Régia de 16 de dezembro de 1815
TP 8 - Rio de Janeiro, a capital do Império Luso-brasileiro
O Rio de Janeiro, como sede do Império Luso-brasileiro, foi a cidade que melhor personalizou as transformações políticas, econômicas, sociais e culturais que a presença da Corte introduziu nos trópicos.
Incentivados pela abertura dos portos e outras medidas tomadas por d. João, europeus de diferentes regiões imigraram para o Brasil, em especial para as cidades do Rio de Janeiro, Salvador e Recife. Contribuíram na introdução de novos ofícios e estabelecimentos comerciais.
Para adequar a cidade colonial à condição de metrópole e atender ao aumento populacional, o espaço urbano foi remodelado e ampliado em direção às zonas rurais de São Cristóvão, Laranjeiras e Botafogo. Ruas foram alargadas e criadas. As casas receberam em sua arquitetura novos pavimentos e janelas envidraçadas, enquanto seus interiores ganhavam mobiliário e utensílios ao gosto europeu.
Eventos culturais como óperas, peças e saraus, juntamente com festividades sacras e reais, multiplicaram-se. A cidade assistiu ainda a acontecimentos inéditos, como a morte de uma rainha, d. Maria I, a aclamação de um rei, d. João VI e um casamento real, de d. Pedro com d. Leopoldina.
A cidade ganhava ares de uma Europa possível nos Trópicos.
Retrato de D. João VI
Autoria desconhecida.
1816
Ambientação da exposição


Artistas franceses no Rio de Janeiro
...deixamos a França, nossa pátria comum, para ir estudar uma natureza inédita e imprimir, nesse novo mundo, as marcas profundas e úteis, espero-o, da presença de artistas franceses. Jean-Baptiste Debret, 1834.
Acreditava-se no poder da arte de transformar cidades e sociedades, crença confirmada com o decreto de 12 de agosto de 1816, que estabeleceu no Brasil a Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios. Nessa instituição, artistas franceses foram relacionados como pensionistas, entre eles o arquiteto Grandejean de Montigny e os pintores Jean-Baptiste Debret e Nicolas-Antoine Taunay, considerados estrangeiros beneméritos.
Ao trabalharem para dar à cidade do Rio de Janeiro a imagem de uma Europa nos trópicos, foram responsáveis por uma vasta produção iconográfica que permeia o imaginário brasileiro até hoje. São registros da sociedade no Brasil da primeira metade do século XIX.

TP 10 - O retorno da Corte
O governo de d. João VI foi marcado por uma situação política complexa no Brasil e em Portugal. No sul, uma das questões que recrudesceu foi a da Cisplatina. Região de disputa entre portugueses e espanhóis, foi conquistada em 1816 e anexada ao Reino Unido em 1821. No nordeste, por razões econômicas, que incluíam a cobrança de altos impostos para sustento da Corte no Rio de Janeiro, eclodiu a Revolução Pernambucana, em 1817, que envolveu as províncias da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, mas foi rapidamente debelada.
Em Portugal, o descontentamento da população com a permanência do rei no Brasil gerava revoltas, como a revolução liberal e constitucionalista, que irrompeu na cidade do Porto, em 1820, exigindo o retorno do monarca.
As tensões, nos dois lados do Atlântico, tornaram insustentável a permanência da Corte no Brasil. No dia 25 de abril de 1821, uma frota de 13 navios deixou para trás a costa brasileira, levando d. João VI, d. Carlota Joaquina, seus familiares e cerca de quatro mil cortesãos. Aqui ficou d. Pedro, o príncipe herdeiro, como regente.
 
Museu histórico Nacional
Endereço :Praça Marechal Âncora - Próximo à Praça XV
20021-200 - Centro - Rio de Janeiro - RJ
Tel.: (0xx21) 25509220 / 25509224 E-Mail

Horários :
De 3- a 6- Feira - das 10h às 17:30 h
Fechado às 2- feiras
Sábados, Domingos e Feriados - das 14:00h às 18:00 h

Ingresso:
R$ 6,00 (seis reais)
Estão isentos de pagamento (mediante comprovação): crianças até cinco anos de idade; sócios do ICOM-International Council of Museum; funcionários do IPHAN e do IBRAM; alunos e professores das escolas públicas federais, estaduais e municipais; brasileiros maiores de 65 anos; guias de turismo e estudantes de museologia. Alunos agendados da rede particular de ensino e brasileiros entre 60 anos e 65 anos pagam a metade do valor. Aos domingos, a entrada é franca.