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terça-feira, 17 de julho de 2012

Exposição "Alberto Giacometti: Coleção da Fondation Alberto Giacometti, Paris"


Obra de Alberto Giacometti exposta na mostra no MAM

O Ministério da Cultura, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a Fondation Alberto et Annette Giacometti, a TenarisConfab e Techint Engenharia e Construção e a Base7 Projetos Culturais, apresentam a exposição “Alberto Giacometti – Coleção da Fondation Alberto et Annette Giacometti, Paris”, a primeira retrospectiva no continente sulamericano do escultor, pintor e desenhista Alberto Giacometti (1901–1966), um dos artistas mais importantes do século XX. A exposição tem curadoria de Véronique Wiesinger, diretora da Fondation Alberto et Annette Giacometti, Paris, e conta com cerca de 280 obras provenientes da Fondation, entre pinturas, esculturas, desenhos, gravuras, fotografias e artes decorativas, realizadas entre os anos 1910 e 1960. Ao lado das obras da Fondation, está exposta a peça “Quatro mulheres sobre base” (1950), pertencente ao MAM Rio – único acervo público da América Latina a possuir um trabalho do artista.
 
Realizada em parceria com a Fondation Alberto et Annette Giacometti de Paris e com o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a mostra tem sua organização e produção na América Latina a cargo da Base7 e coordenação de produção na Europa de Elise Jasmin. A montagem da retrospectiva de Giacometti no MAM ganha um atrativo adicional ao propiciar um diálogo entre a produção do artista, um dos fundadores do modernismo, e o prédio do MAM, um dos marcos modernistas do país, projetado por Affonso Eduardo Reidy (1909-1964). A exposição esteve na Pinacoteca do Estado de São Paulo, de 24 de março a 17 de junho de 2012, e depois do MAM seguirá para a Fundación Proa, em Buenos Aires, Argentina, de 13 de outubro de 2012 a 9 de janeiro de 2013.

Alberto Giacometti é considerado um dos grandes expoentes da arte do século XX e esta mostra oferece ao público uma oportunidade única para conhecer sua trajetória artística. “O conjunto de sua obra representou uma contribuição ímpar para a arte moderna, tendo ressonâncias que repercutem até hoje, em diversas manifestações contemporâneas”, afirma
Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand, presidente do MAM.

A curadora, Véronique Wiesinger, selecionou trabalhos que apresentam todas as linguagens do percurso artístico de Giacometti ao longo de meio século, com destaque para a influência da escultórica da África e da Oceania, que marca o início de sua obra madura. “Figura inclassificável, ele se empenha em criar uma obra que procura responder a várias questões fundamentais sobre a prática artística, sempre atuais: o significado e os meios da representação, a relação da obra de arte com o espaço, o papel da arte e do artista”, explica a curadora. Em ordem cronológica e temática, serão apresentados desde os retratos do artista feitos por seu pai e por seu padrinho, ambos pintores, até as esculturas monumentais de Giacometti concebidas para Nova York. A seleção de obras também ressalta os laços do artista com escritores e intelectuais parisienses, como André Breton (1896- 1966) e o surrealismo, ou Jean-Paul Sartre (1905-1980) e o existencialismo. Criada em 2003 para receber o legado da viúva do artista, a Fondation Alberto et Annette Giacometti possui a maior coleção do mundo de obras de Giacometti: esculturas, pinturas, desenhos, gravuras, e objetos de arte decorativa. Ela cumpre uma missão de interesse público para promover e
divulgar a obra do artista através de exposições, empréstimos e publicações no mundo inteiro.
 
PERCURSO DA EXPOSIÇÃO
A exposição será dividida em 13 módulos: “O ateliê fotografado”, “Uma juventude passada no ateliê”, “O encontro com as artes primitivas”, “A experiência surrealista”, “O que é uma cabeça? As dimensões da representação”, “Uma mulher como uma árvore, uma cabeça como uma pedra / Monumento”, “Objetos”, “Paisagens”, “Cinquenta anos de gravura”, “Fragmentos e visões”, “Em torno de Jean-Paul Sartre”, “Retratos” e “O último modelo”. Todos os espaços expositivos se articulam em torno de obras emblemáticas.

No Foyer, estará o módulo “O ateliê fotografado”, em que o público poderá ver fotos do artista, que desde sua infância foi fotografado em ateliês. Inicialmente na escadaria do estúdio do pai, em Stampa, na Suíça. Anos depois, em seu ateliê em Paris, no qual se instalou em 1926, e que fascinava os fotógrafos por seu aspecto boêmio e acúmulo poético, características que se tornarão a marca de Giacometti. O artista organiza as obras em seu ateliê para as câmeras e estuda poses para reportagens publicadas em revistas. É tema de fotos mais íntimas realizadas por amigos, as quais só foram publicadas depois de sua morte, modificando profundamente a imagem que ele desejara dar de si mesmo e de seu ateliê.

O ateliê de Giacometti, em sentido amplo, era também Paris: bares noturnos e cafés, ruas, bordéis e monumentos, temas reunidos em seu último livro, “Paris sem fim”, de 1959. Neste mesmo espaço será apresentado o filme “O que é uma cabeça? Ou a passagem do tempo” (2001) que narra a trajetória de Giacometti.

No segundo andar, o módulo “Uma juventude passada no ateliê”, será dedicado às obras de juventude do artista (1901-1921) e às primeiras esculturas feitas em Paris (1922-1928). Os destaques são a primeira pintura a óleo, “Natureza-morta com maçãs” (c. 1915), feita aos 14 anos de idade no ateliê suíço de seu pai Giovanni Giacometti (1868-1933), pintor e gravador impressionista, que estará exposta junto ao primeiro busto esculpido pelo artista, “Diego” (1914-1915). A sala apresenta também retratos de Giacometti feitos por seu pai e por seu padrinho, o pintor simbolista Cuno Amiet (1868-1961), duas figuras essenciais no desenvolvimento artístico do jovem Alberto.

Ao lado do Espaço Monumental, estarão os módulos: “O encontro com as artes primitivas”, “A experiência surrealista” e “O que é uma cabeça? As dimensões da representação”. O primeiro mostrará a influência da escultura da África e da Oceania em Giacometti. Dentre os destaques deste módulo estão as esculturas “Mulher colher” e “O casal”, ambas expostas em 1927, no Salon des Tuileries, em Paris – obras que revelam o alvoroço que a arte primitiva produziu no jovem artista.

Em 1928, Giacometti começa uma série de esculturas de mulheres e cabeças achatadas, com as quais obtém, em 1929, seu primeiro contrato com a galeria de Pierre Loeb, que expõe os surrealistas. Nessa época, Giacometti se relaciona com Carl Einstein (1885-1940), autor do livro de referência sobre escultura africana Negerplastik (1915), e com Michel Leiris (1901-1990), que se tornará um especialista da arte dogon (tribo da região oeste da África). Obras mais tardias, entre elas gessos pintados e telas, mostram como a arte fora do Ocidente influenciou de modo duradouro sua produção. O artista afasta-se de uma representação naturalista e acadêmica rumo a uma visão totêmica e, às vezes, alucinada
da figura, carregada de uma potência mágica.
Uma sala será dedicada à adesão do artista ao movimento surrealista de André Breton (1896-1966), em 1931, e seu rápido destaque como um de seus raros escultores.

Os destaques desta sala serão: “Cabeça que olha”, de 1929, obra que fez com que ele  fosse notado pelo grupo em 1929; “Mulher caminhando”, de 1932, concebida como um manequim para a importante exposição surrealista, de 1933 – apresentada aqui na versão sem braços e cabeça – e uma versão pintada da construção sobre plataforma “O palácio às 4 horas da manhã”,de 1932, que evoca o aspecto teatral de seu universo onírico. Em 1935 Giacometti é excluído do grupo, mas os procedimentos surrealistas continuam a desempenhar importante papel em sua criação: a visão onírica, a montagem e a assemblage, os objetos de funcionamento metafórico e o tratamento mágico da figura. O próximo módulo será dedicado à questão da representação da cabeça humana, o objeto central da pesquisa de Giacometti durante toda sua vida: “O que é uma cabeça? As dimensões da representação”. Para Giacometti, nessa época, a representação de uma cabeça, que parecia um tema banal, estava longe de estar resolvida. A cabeça e, sobretudo, os olhos são a sede do ser humano e da vida, cujos mistérios o fascinavam. Depois de Tête-crâne [Cabeça-crânio], de 1934, elaborada após a morte de seu pai Giovanni, suas diversas variações sobre as cabeças mostram que o tema não se esgota, especialmente com relação à escala: para Giacometti, traduzir sua visão com exatidão significava também indicar a distância do que estava sendo olhado.

No Espaço Monumental, estará o módulo “Uma mulher como uma árvore, uma cabeça como uma pedra / Monumento”. Giacometti estava na Suíça durante a Segunda Guerra Mundial. Pouco antes de seu retorno a Paris, ele concebe a escultura que será o protótipo de suas figuras no pós-guerra: a “Mulher com carro”, c. 1945. Em pé, de frente, com os braços ao longo do corpo e o rosto sem expressão, essa escultura é um exemplar da pesquisa de Giacometti, de 1945 a 1965, sobre o espaço da representação: as figuras são colocadas sobre bases que as isolam do chão, ou inscritas em gaiolas que delineiam um espaço virtual. As figuras femininas em pé são silhuetas alusivas, às vezes reduzidas a um traço, e sempre abordadas por etapas sucessivas que se traduzem por séries. As “Quatro mulheres sobre base” (1950) e as “Quatro figurinhas sobre pedestal” (1950 e 1965) são duas propostas de representação de um grupo de mulheres em pé vistas à distância e em circunstâncias diferentes.

Com os “Três homens caminhando” (1948), Giacometti procura captar em escultura a visão fugidia de figuras em movimento. Em 1958, Giacometti é convidado a concorrer com um projeto para um monumento a ser instalado em uma praça em construção diante do novo edifício do Chase Manhattan Bank, em Nova York. Giacometti optou por retomar os três motivos recorrentes em sua obra desde 1948 em grandes dimensões: uma figura feminina gigante em pé; um homem alto que caminha; e uma cabeça monumental colocada no chão, dispostos um em relação ao outro. Com esse monumento, ele permite ao espectador entrar,
fisicamente, pela primeira vez em seu mundo maravilhoso, uma clareira mágica atravessada por silhuetas fugazes de homens caminhando, em que as árvores são mulheres e as pedras cabeças. Nesse módulo ainda, serão apresentadas duas figuras femininas gigantes em pé, “Grande mulher I” (1960) e “Grande mulher IV” (1960-1961); um homem alto que caminha,”Homem caminhando I” (1960); uma cabeça monumental colocada no chão, “Cabeça grande” (c. 1958), assim como o projeto para a Chase Manhattan Plaza.

A exposição seguirá com o módulo “Objetos”, cujas peças de arte decorativa mostram o interesse de Giacometti por objetos utilitários, que admirava nas sociedades antigas e primitivas. Esses objetos utilitários – luminárias, vasos e arandelas – eram vendidos pelo decorador de vanguarda Jean-Michel Frank (1895-1941). O artista concebeu também baixos-relevos em gesso e em terracota para encomendas especiais. Em 1939, foi convidado, dentre outros artistas, para uma grande encomenda de um casal de colecionadores argentinos, para quem desenhou chaminés, lustres e consoles. Após a Segunda Guerra, Giacometti continuou criando objetos.
No terceiro andar, a exposição continuará com o módulo “Paisagens”, que evoca o sistema de equivalências de Giacometti entre a figura humana e a natureza: os bustos são montanhas, as figuras em pé são árvores, as cabeças são pedras. Sob a luz do sol, a montanha parece vibrar com uma pulsação que se assemelha a respiração. O homem, tal como a árvore, vive em processo de crescimento contínuo e morte. Esse tema adorna a porta que Giacometti faz para o jazigo da família Kaufmann. Para Giacometti, o cotidiano mais banal, seja a paisagem vista da janela de seu ateliê em Stampa ou a das ruas em Paris, contém sobretudo algo de desconhecido e maravilhoso.

Seguindo no terceiro andar, o visitante encontrará o módulo “Cinqüenta anos de gravura”. Giacometti fez suas primeiras xilogravuras ao lado de seu pai, quando ainda era um colegial. Ao longo de sua vida, praticou todas as técnicas de impressão: xilogravura, buril, água-forte, água-tinta e, principalmente, litografia a partir de 1949.

O artista pode assim sair do ateliê, ir para a rua e fazer croquis de cenas da cidade, tema de “Paris sem fim”, coletânea de 150 gravuras encomendada pelo editor Tériade, na qual Giacometti trabalha a partir de 1959 e que será publicada depois de sua morte.

Logo adiante, estará “Fragmentos e visões”, módulo dedicado ao tema do fragmento como evocação do todo, e ao surgimento de uma visão no espaço do espectador. Em 1921 e 1946, Giacometti foi testemunha de duas mortes que lhe deixaram uma lembrança indelével. Diante do segundo cadáver, ele retém a cabeça jogada para trás, a boca aberta, os membros esqueléticos e o terror sentido pela ideia de que o morto invadiu o espaço e que sua mão poderia atravessar as paredes e alcançá-lo.

Na próxima sala, estará o módulo “Em torno de Jean-Paul Sartre”, que lembra a importância das trocas de Giacometti com o intelectual, que conheceu em 1941. Sartre (1905-1980) escreveu dois ensaios fundamentais sobre a arte de Giacometti, publicados em 1948 e em 1954, respectivamente, e que tratam da questão da percepção. Igualmente importantes são as suas conversas com o tradutor japonês de Sartre e professor de filosofia Isaku Yanaihara, que posou para ele de 1956 a 1961. De 1951 até sua morte, Giacometti pintou uma série de cabeças escuras que, juntamente com algumas cabeças anônimas, dão corpo ao conceito de homem “genérico” que Sartre resumirá em 1964, em seu romanceLês mots, pela fórmula: “Um homem inteiro, feito de todos os homens, que os vale todos e a quem vale não importa quem”. A tradução desse conceito é a contribuição capital de Giacometti à história do retrato no século XX.

Seguindo pelo terceiro andar, o visitante apreciará a sala dos “Retratos”. Os retratos, pintados e esculpidos, de Giacometti são a tradução do modelo enquanto representação do “Outro”, que jamais é apreendido na sua integralidade. Livres de emoção ou expressão, esses retratos são abertos às significações do espectador. Para o artista, trata-se de captar e restituir a vida vibrante do modelo e não a sua psicologia. Quando trabalha a partir de um modelo, Giacometti recusa a perspectiva clássica para restituir o modelo tal como ele o vê – em seu aspecto fragmentado ou deformado, sempre mutante. Seus traços distintivos dissolvem-se e, às vezes, fundem-se, ou se reduzem ao essencial.

Ao final do percurso, o visitante poderá apreciar “O último modelo”, módulo que reunirá as três versões do busto de Eli Lotar (1905-1969), o último modelo masculino de Giacometti. Cineasta e fotógrafo, Lotar fizera parte da vanguarda surrealista nos anos 1930, e, no pós-guerra, caiu na miséria, passando a viver da generosidade de velhos amigos, como Giacometti. Posava em troca de dinheiro, porém, nessas sessões deveria manter imobilidade absoluta. Nessas esculturas, que evocam o relicário ou a estatuária egípcia, aquele que se tornara um mendigo é elevado à dignidade de sacerdote. O escritor Jean Genet (1910-1986) notara que, para Giacometti, as mulheres são deusas e os homens sacerdotes.
 

Serviço: “Alberto Giacometti: Coleção da Fondation Alberto et Annette Giacometti, Paris”
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Abertura: 17 de julho de 2012, às 19h
Exposição: 18 de julho a 16 de setembro de 2012
Realização: MAM Rio
De terça a sexta, das 12h às 18h Sábado, domingo e feriado, das 12h às 19h A bilheteria fecha 30 min antes do término do horário de visitação.
Ingresso: R$12,00
Estudantes maiores de 12 anos R$6,00
Maiores de 60 anos R$6,00
Amigos do MAM e crianças até 12 anos entrada gratuita
Quartas-feiras a partir das 15h entrada gratuita
Domingos ingresso família, para até 5 pessoas: R$12,00
Endereço: Av. Infante Dom Henrique, 85
Parque do Flamengo – Rio de Janeiro – RJ 20021-140 Telefone: 21.2240.4944