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quinta-feira, 26 de junho de 2014

Pesquisa analisa uso de medicamentos na gestação


Analisar os fatores associados ao uso de medicamentos em mulheres que estão na primeira gestação foi o objetivo do artigo Fatores associados ao uso de medicamentos na gestação em primigestas no Município de Rio Branco, Acre, Brasil, publicado pela revista Cadernos de Saúde Pública. A pesquisa considerou 887 primigestas com idade média entre 21 anos e constatou que a média do uso de medicamento na primeira gestação é de 2,42, sendo os medicamentos mais consumidos: antianêmicos (47,5%), suplementos e vitaminas (18,7%), analgésicos (13,8%) e antibióticos (10,5%). O artigo sugere que novas iniciativas sejam desenvolvidas com o intuito de produzir evidências científicas capazes de serem inseridas no contexto das políticas públicas de saúde, visando a melhoria da qualidade da assistência materno-infantil.

Assinado pela pesquisadora do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde da ENSP Rosalina Koifman, em parceria com os pesquisadores da Universidade Federal do Acre Alanderson Alves Ramalho, Andréia Moreira de Andrade, Leila Maria Geromel Dotto, Margarida de Aquino Cunha e Simone Perufo Opitz, o estudo aponta também para a necessidade de investimentos para divulgação e educação profissional continuada. Os autores explicaram que a utilização de medicamentos no período da gestação tem sido alvo de discussões no que diz respeito à segurança, e empregada de maneira geral com restrições desde o acidente da talidomida - substância usualmente utilizada como medicamento sedativo, anti-inflamatório e hipnótico. Por outro lado, a gestação é acompanhada muitas vezes de intercorrências, necessitando de intervenções medicamentosas.

De acordo com os autores, no Brasil, os estudos de utilização de medicamentos revelam que a média de consumo é de dois medicamentos por gestante, e esse fato impulsiona iniciativas de pesquisas em nível local, na tentativa de descrever perfis de utilização e padrões de prescrição e de consumo. As informações para a pesquisa tiveram como base uma entrevista e o cartão de pré-natal, e os medicamentos foram classificados conforme o Sistema Anatômico Terapêutico Químico (ATC), da Organização Mundial da Saúde, e com a categoria de risco do Food and Drug Administration (Estados Unidos). O artigo é parte integrante do projeto matriz denominado Saúde Reprodutiva das Primigestas: Análise de Fatores Relacionados ao Tipo de Parto. Que se trata de um estudo transversal, tendo como população a coorte de todas as primigestas que gestaram e pariram nas duas maternidades no Município de Rio Branco.

“No estudo foram considerados medicamentos classificados como de risco aqueles categorizados como C, D e X pelo Food and Drug Administration (FDA). Esses, representam os medicamentos que apresentaram efeitos adversos ao feto em trabalhos experimentais em animais, independente de evidências em humanos. Os medicamentos antianêmicos, suplementos e vitaminas com uso preconizado pelo Ministério da Saúde na atenção pré-natal foram denominados essenciais”, descreveram os autores. A pesquisa analisou 887 gestantes, com idade entre 13 e 43 anos, com a média de 21 anos, sendo mais de 50% das gestantes com idade inferior a 20 anos. Do total de primigestas, 80,7% declararam possuir a cor da pele não branca, 87,9% tinham renda familiar menor do que cinco salários mínimos; em relação à escolaridade mais de 70% das gestantes cursaram o ensino fundamental ou médio incompleto; e em relação ao estado civil, 76,3% relataram viver com o companheiro, sendo casada ou com união estável.

Os resultados ressaltaram que a gestação não constitui um estado de enfermidade, porém as gestantes compõem um grupo de risco quando se trata de inserção de tratamento farmacológico. De acordo com os autores, exceto em casos extremos, é possível compatibilizar as prescrições com as características do estágio gestacional. “Ao profissional de saúde, responsável pelo acompanhamento da gestante, cabe o conhecimento necessário e a opção por medicamentos cujos benefícios superem os riscos e os mecanismos de ação estejam claramente definidos na literatura, embora haja a constatação da escassa produção científica, bem como as limitações na avaliação da segurança dos medicamentos pelos órgãos competentes”, defenderam.

Para os autores da pesquisa, o município de Rio Branco apresentou um perfil de utilização de medicamentos, em alguns aspectos, semelhante aos demais estudos realizados no Brasil. O uso de medicamentos essenciais, ainda que em quantidades insuficientes, aparece relacionado às condições socioeconômicas, em que mulheres com menor idade, menor renda familiar e usuárias dos serviços públicos de saúde utilizaram maior quantidade de medicamentos essenciais. Isso remete às políticas públicas de saúde, que apontam para o cuidado pré-natal e a responsabilidade dos serviços em oferecer uma assistência integral à gestante.