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sexta-feira, 12 de junho de 2015

População indígena apresenta maior taxa de incidência de tuberculose

Um estudo inédito sobre a tuberculose, segundo o quesito raça/cor, revelou que os indígenas apresentaram as maiores taxas de incidência da doença no Brasil durante o período de 2008 a 2011, com incremento de cerca de 10% de novos casos. O resultado faz parte da pesquisa Tuberculose no Brasil: uma análise segundo raça/cor, desenvolvida pelo pesquisador Paulo Victor de Sousa Viana e apresentada na sessão científica do Centro de Referência Professor Hélio Fraga da ENSP, na quarta-feira (10/6). O maior percentual de mortalidade, porém, foi entre os negros (3,4%).


No período de estudo foram notificados 278.674 casos novos no Brasil, o que corresponde a uma incidência média de 37/100.000 habitantes. A análise, que teve como fonte de dados os casos novos de TB notificados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), contemplou todo território nacional e suas macrorregiões, as variáveis sociodemográficas (sexo, faixa etária, escolaridade e zona de residência) e clínicas (forma clínica, exames complementares empregados para o diagnóstico e coinfecção tuberculose/HIV), além de indicadores de desempenho do programa de tratamento – todos com base no quesito cor/raça.
 
No tocante à raça/cor, os resultados do estudo apontam que os indígenas apresentaram as maiores taxas de incidência do país, registrando aumento de 95,4/100.000 em 2008 para 104/100.000 em 2011 (crescimento de aproximadamente 10%). A taxa da população negra, segunda colocada em número de casos, manteve-se estável na comparação entre os dois períodos (aproximadamente de 60 casos por 100.000 habitantes).
 
“Conforme descrito na literatura, constatamos que TB atinge predominantemente indivíduos do sexo masculino, na faixa etária entre 20 e 44 anos, em todas as macrorregiões. Foi preocupante a elevada proporção de casos entre crianças indígenas menores de 10 anos em todas as localidades, sendo proporcionalmente até seis vezes maior na comparação com as crianças das outras categorias de raça/cor”, revelou Paulo Victor, que é pesquisador do CRPHF/ENSP.
 
Com base nas análises das regiões do país, os achados da pesquisa apontam para as maiores taxas de incidência nas regiões Norte (43/100.000 habitantes) e Sudeste, com as menores proporções na região Centro-Oeste (22/100.000). Ao desagregar essas taxas segundo raça/cor, chamou atenção as elevadas taxas de incidência na população preta do Sul do Brasil, apresentando um pico máximo de 93,3/100 mil hab. (2009), valor três maior do que a população em geral. “Apesar de os pretos representarem aproximadamente 4% da população do Sul do país, entre 2008-2011 eles foram responsáveis por 11,4% das notificações de TB nesta região. Essas disparidades entre os pretos podem ser explicadas pelas péssimas condições socioeconômicas em que encontra-se esta população em relação à branca, em que segundo estudos recentes as condições de moradia, renda e acesso aos serviços são piores neste seguimento populacional”, admitiu o pesquisador.
 
Para as demais regiões do país, no quesito raça/cor, a população indígena se manteve no topo dos casos, mesmo apresentando diminuição da taxa em algumas ocasiões. Na região Norte do país, a TI entre os indígenas apresentou queda durante o período estudado de 92/100.000 (2008) para 80,9/100.000 habitantes (2011). No Nordeste, a variação foi de 63,2/100.000 habitantes para 60,3/100.000 habitantes; no Centro-Oeste de 162,8/100.000 para 195,7/100.000 e no Sudeste de 124,1/100.000 (2008) para 192,4/100.000 (2011), um aumento expressivo de 55%.
 
O estudo conclui que as taxas de incidência de TB parecem estar mais estreitamente relacionadas com os determinantes sociais e econômicos, tais como o índice de desenvolvimento humano, o acesso ao saneamento e mortalidade infantil do que simplesmente o sucesso do Tratamento Diretamente Observado. “Podemos constatar que as taxas de incidência de TB distribuem-se de maneira bastante heterogênea ao longo do país, sendo registradas importantes disparidades regionais e étnico-raciais”, afirmou o autor da pesquisa.