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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Inauguração da Exposição 2+ Abstração Contemporânea, Cosme Martins e Rogerio Tunes

Exposição de Arte

2+ Abstração Contemporânea

Cosme Martins e Rogerio Tunes
Horácio Ernani tem o prazer de convidar para  exposição,
com inauguração dia 12 de dezembro às 18 horas.
Continuando até o dia 21 de dezembro,
de segunda a sexta no horário de 14 às 19 horas.
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Saiba um pouco mais sobre Cosme Martins


Cosme Martins nasceu no Maranhão em 1959. Iniciou sua carreira em sua cidade natal, São Bento, pintando temas figurativos locais. Na década de 80, mudou-se para o Rio de Janeiro com o objetivo de expandir o reconhecimento de sua arte.

No Rio de Janeiro, obteve orientação de grandes artistas Rubens Gerchman, Luiz Áquila, Aluísio Carvão, Kate Van Scherpenberg e José Maria Dias da Cruz. Tais experiências com grandes mestres da arte brasileira favoreceram a obtenção de prêmios e participações em salões e importantes museus de arte como Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro e Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Recebeu apoio, reconhecimento, e interferências de críticos notáveis. Walmir Ayala afirmou que sua maneira de pintar era a “nova escrita”.   Em sua obra Dicionário de Pintores Brasileiros (1987), Walmir Ayala, escreve que:

"O mais surpreendente na obra de Cosme Martins é a coerência da linguagem adotada, cuja referencia mais imediata encontramos no extraordinário acervo da azulejaria colonial, enriquecendo a arquitetura de São Luiz. Há uma identidade subliminar neste enfoque, resultante de convivência humana do artista com seu meio, ativada por um olhar registrado de primeira qualidade. E este reflexo não se faz, em nenhum momento, anedótico ou discursivo: o que passa para a pintura de Cosme Martins é a própria alma da cidade, no que tem de particular, universalizada pela receita minimalista de signos registrados. Não estamos distante, tampouco, de um sistema de escrita, de uma semiologia que induz a leitura a partir de um movimento anatômico situado no âmbito do código. A leitura referida torna-se assim, aberta, como a uma leitura capaz de refletir o testamento do homem no plano de criação."
Já Roberto Pontual abriu as primeiras portas para o mercado de arte. Foi ele que recebeu  Cosme Martins em Paris quando foi vencedor do Prêmio Viagem através da participação na exposição A “Mão Afro Brasileira em Pintura”. Nessa viagem, Cosme Martins relembra a oportunidade que teve de conhecer Cícero Dias, Mabe e reencontrar Rubens Gerchman, que lhe deu aulas e foi o primeiro a dizer, anos antes ainda no Maranhão, que era possível alcançar reconhecimento em projeção nacional .

 
Saiba um pouco mais sobre Rogerio Tunes



Há obras de arte que se afirmam desde o início pelo sucesso na recepção. Sem agenciamentos do aparatus crítico, sem a propulsão do imperativo da inovação. Tal qual! Empatia espontânea, sincronia nos esquemas de percepção do gusto de um segmento do Zeitgeist  com as peculiaridades da fatura e a estética subjacente à obra. Simplicidade no fenômeno da aceitação. Nenhuma grande rationale  filosofante a ser perscrutada pela análise crítica.

Assim é o processo de impacto estético da obra de Rogerio Tunes. Essa pintura abstrata informal de cunho episodicamente expressionista, causa bonheur  na recepção e certo malaise na critica. Pinceladas vigorosas, arremessos cromáticos, um certo tachismo (na acepção recente de Pierre Guéguem), energia vital que procura expressão plástica... A expressão artística de Rogerio Tunes na pintura é um ato de afirmação artística, uma metáfora do Kunstwollen  de um dos paradigmas da teórica estética alemã da virada do século XIX para o XX.

Com percurso acadêmico e profissional nas artes gráficas, a vivência de uma temporada em Nova Iorque, no início da década de 80, terá certamente sido fundamental em seu futuro savoir-faire artístico.   Pollock e De Kooning representam, segundo ele, as influências mais decisivas desse período. As variantes de um certo abstracionismo informal em confrontos e metamorfoses com um moderado expressionismo abstrato falam pelas linhas de força, pelo centro de gravidade que sustentam e determinam o ato criativo.


A expressão artística de Rogerio Tunes é depurativa diante de si mesma e do espectador. Ocorre na recepção uma simplificação da carga semiótica; um certo minimalismo polissêmico, não raramente quase rudemente simples em sua expressão. O diafragma que intermedia a obra e a recepção reduz o campo significativo e enfatiza quase que com simplória eloquência o impacto estético em sua mais imediata contundência - enseja o fruir da obra de arte de uma maneira imediata, tout court.

Duveen dissera certa vez que a obra de arte boa para o público e para o marchand é aquela que se vende por si só. Essa afirmação, brutalmente simples, deixa críticos de sobrancelhas arqueadas e diz muito da obra de Rogerio Tunes. Que segredo contêm elas, para além dos cortes e recortes do pós-moderno, que expliquem seu bem sucedido apelo? Uma magia cromática, reverberações discretas de arquétipos no inconsciente moderno? O élan vital que perpassa suas largas pinceladas? O jogo de claros/escuros, de ascendentes/descendentes? A tensão do plano que evita e descarta as profundidades? O pragmatismo abstrato de Rogerio Tunes está em conivência com o espírito da época: despojamento enfático da retórica cromática, eliminação das recorrentes metafísicas.

Mas também a metáfora cósmica permeia o campo cromático e semântico, sístoles e diástoles tachistas evocam a dinâmica das forças de um caos original que ele tenta plasticamente representar... e controlar! Aqui o Kunstwollen se faz mais presente e a sensação e constatação do senso de composição de suas telas restaura-nos a impressão de possibilidade, de terra firme. Por fora do caos, da gigantomachia  das convergentes e rispidamente contrastadas cores, existe um formato, um formato de cunho abstrato, um anteparo, um direcionamento estético malgré tout, enfim, uma controlada ousadia; um artista que desordena e restaura ao mesmo tempo. Há algo, até mesmo, de um certo classicismo subjacente, um elemento recorrente, restaurador, talvez um otimismo sísifico que se recusa a arrastar-se pela conflagração desordenada das forcas caóticas que ele procura representar. Há também um certo confronto com o vazio primordial, um desafio diante do horror vacui. O imperativo do rigor é uma herança provável de uma influencia distante, velada, talvez de Mondrian.

A paleta de Rogerio Tunes é decididamente grave, mas de uma gravidade afirmativa, enérgica e otimista. É essa uma de suas diferenças com a variante abstrata da tradição expressionista. Os contrastes ocorrem, sobretudo com as cores frias - um preto onipresente e soberano - entremeados por um episódico elemento restaurador ou transgressor do amarelo ou vermelho, mas que podem também atuar como tenores de seu concerto cromático. Graves, mas não drásticos. Graves e, sobretudo não tristes. Seu amarelo não possui de modo algum a drasticidade emocional de seus antepassados expressionistas. Seu vermelho não é tampouco sentimental, espalhafatoso. É um vermelho ostinato. Se ele excitar em demasia sempre haverá um azul para acalmar. O episódico verde de uma fase pretérita é hoje raro. Uma paleta vital dentro de uma expressão abstrata que se tornou a via do artista, um artista que se recusa a aceitar propaladas definições acadêmicas que lhe enfiem etiquetas como se fossem moldes referenciais a pré-determinar-lhe a produção.


 
Espaço Ernani Arte e Cultura